'' A globalização negativa cumpriu sua tarefa. Não importa quantos guardas de segurança de fronteira, instrumentos biométricos e cães farejadores de explosivos possam ser empregados em portos, fronteiras que já foram abertas e assim permanecem pelo e para o capital livremente flutuante, mercadorias e informações não podem ser novamente lacradas e assim mantidas contra os seres humanos.
Á luz das evidências até agora disponíveis, podemos que quando( ou se) os atos terroristas finalmente fracassarem, isso ocorrerá apesar da e não graças à crua e esmagadora violência dos soldados, que apenas fertiliza o solo em que viceja o terrorismo e impede a solução das questões sociais e políticas que por si só poderia cortá-lo pela raiz. O terrorismo só vai definhar e morrer quando (ou se) suas raízes sociopolíticas forem cortadas. E isso, infelizmente, vai custar muito mais tempo e esforço do que uma série de operações militares punitivas e até um conjunto de ações de policiamento cuidadosamente preparadas.
A guerra verdadeira - e vencível - contra o terrorismo não é conduzida quando as cidades e aldeias já semidestruídas do Iraque e Afeganistão são ainda mais devastadas, mas quando as dívidas dos países pobres forem canceladas, quando nossos ricos mercados se abrirem a seus principais produtos, quando a educação for patrocinada para as 115 milhões de crianças atualmente privadas de acesso a qualquer tipo de escola e quando outras medidas semelhantes forem conquistadas, decididas - e implementadas.
Os governos dos países mais ricos, reunidos em Gleneagles em julho de 2005, supostamente para acabar com a pobreza, gastam entre si dez vezes mais com armamentos do que gastaram com ajuda econômica a África, Ásia, América Latina e países pobres da Europa tomados em conjunto. A Grã-Bretanha reserva 13,3% do orçamento para armamentos e 1,6% para a ajuda externa. Quanto aos EUA, a desproporção é ainda maior: 25% contra 1%.
Com efeito, só se pode repetir o que disse Meacher: com muita frequência, e principalmente depois do 11 de setembro, parecemos estar ''fazendo o jogo do Bin Laden''. Essa é uma política , como Meacher corretamente insiste , mortalmente viciada. E ainda menos perdoável, acrescentaria eu, por não ser realmente motivada pela intenção de erradicar o flagelo do terrorismo, muito menos precedida e acompanhada de uma análise sóbria das raízes profundas do problema e da ampla de gama de iniciativas necessárias para eliminá-lo. A ''política mortalmente viciada '' segue uma lógica bem diferente daquela que tal intenção e tal análise iriam sugerir. Meacher acusa os governos de ''guerra ao terrorismo'' de:
Má vontade em contemplar o que está por trás do ódio: por que dezenas de jovens são preparados para explodir a si mesmos, por que 19 rapazes altamente instruídos estavam prontos a se destruir, juntamente com milhares de pessoas, nos sequestros do 11 de setembro, e por que a resistência [ no Iraque] está crescendo apesar dos insurgentes serem mortos. ''
Bauman,Zygmunt --MEDO LÍQUIDO, p.143-144(terror global), 2005Com esse trecho do livro de Bauman escrito em 2005 vemos que hoje 2017 as coisas não mudaram e vejam que ele fala que uma coisa simples como ajudar os países a se desenvolver humanamente ao invés de só criar armas,e assim quando isso acontecer acabará com esses malditos ataques por todo o mundo.